top of page

Excessos na medicina - prevenção quaternária.

  • Foto do escritor: Fábio Lopes
    Fábio Lopes
  • 4 de abr. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 30 de abr. de 2024

Hipócrates (460AC-377AC), filósofo grego tido como "pai" da medicina, escreveu que "o médico deve... ter dois objetivos, fazer o bem e evitar fazer o mal" ("Epidemicos I", página 11). Ficou mais conhecido nos termos: "Primum non nocere, secundum cavere, tertium sanare”, que significa "Em primeiro lugar não fazer mal, em segundo prevenir, em terceiro curar". 



Como já falamos numa postagem anterior existe a prevenção quaternária, que trata-se de evitar causar mal ao paciente, e para isso não devemos solicitar exames sem motivo e indicar procedimentos e/ou tratamentos desnecessários.


São alguns exemplos corriqueiros de intervencionismos em excessos:

  • Solicitação de exames desnecessário, ou seja, que não teriam indicação para um paciente em especifico, seja por ele não apresentar sintomas compatíveis, ou seja por não estar dentro de grupo de risco para algum rastreamento (exame que pesquisa doenças no inicio; antes dos sintomas). Isso pode trazer problemas por vários motivos, mas podemos exemplificar com a chance deste exame dar um "falso positivo", que é quando o exame mostra uma alteração, mesmo o paciente não apresentando o problema (todo exame tem esta chance, alguns mais outros menos). Com o resultado positivo, o paciente passará por um período de preocupação e angustias, e necessitará de mais exames. Isso tudo trará custo econômico, emocional e de tempo ao paciente e ao sistema de saúde.

  • Sobrediagnóstico, que ocorre quando exames desnecessários são solicitados, encontrando alterações inespecíficas que não trariam sintomas ou evolução ruim ao paciente, mas que a partir dos achados passar a trazer preocupações e "necessidade" de tratamentos.

  • Indicação de cirurgias desnecessárias, sem gravidade ou necessidade precisa, e sem tentar alternativas de tratamento clínico - quando possível.

  • Uso de medicamentos duplicados. Isso ocorre bastante no caso de pacientes que vão em vários especialistas, e muitas vezes acabam não informando a algum dos médicos os medicamentos já em uso. Com isso algumas vezes encontramos pacientes usando a mesma medicação, com nomes diferentes, prescritos por médicos diferentes.

prevenção quaternaria - evitar excessos de intervencionismo
grafico

Existem alguns exemplos clássicos e de maior impacto, demonstrando as consequências dos excessos da medicina, como os períodos de greves médicas, onde estudos demonstraram que a mortalidade geral diminuiu durante as paralizações dos serviços; como descritos na reportagem:  https://super.abril.com.br/ciencia/medicina-faz-mal-a-saude.

capa do livro o medico e o monstro
desenho - capa livro

Atualmente vivenciamos ainda um período de excesso de informações, as quais muitas vezes chegam distorcidas ao público geral, aumentando ainda mais o risco desses excessos de intervencionismo, pois através de "informações de Internet" muitas pessoas acabam buscando exames desnecessário, percebendo-se doentes ou automedicando-se, e isso pode pode trazer graves problemas. Existem também os falsos tratamentos, realizados ou por má fé, ou por mau uso de informações cientificas (pegam uma "meia informação" e levam como verdade geral), onde são prometidos quase que milagres com tratamentos infundados cientificamente, como por exemplo os "chipes da beleza" e "soroterapias". Quanto a isso algumas sociedades médicas já se pronunciaram contrariamente nos últimos meses.



Claro que não devemos levar ao extremo de considerar que todo e qualquer cuidado em saúde vai trazer problemas, mas devemos usar essas informações afim de racionalizar o cuidado da saúde, incorporando as boas praticar (informações de promoção em saúde, prevenções bem indicadas e tratamentos sem excessos), e "fugindo" de tudo que é "demais"; uma boa dica nesse sentido é desconfiar de promessas de tratamentos "fáceis", com melhoras ou ganhos rápidos e sem esforço. Como bem disse Hipócrates, "primeiro não fazer mal, segundo prevenir, terceiro curar", sendo assim, antes de solicitar exames ou prescrever um medicamento o médico deve preocupar-se em não causar mais mal a quem o procura. Conte comigo nesse sentido de cuidar da sua saúde como um todo, analisando a saúde, prevenindo doenças e tratando - quando realmente for necessário.


Fábio Rangel Gobeti Lopes

CRM 30586 / RQE 22310


Agende a sua consulta (clique no link):

Comments


Selo do correio aéreo

 (44) 99903-3895

  • Whatsapp
  • Facebook
  • TikTok
bottom of page